Meu Mundo, Meu Lar

Minha terra tem uma rua só, uma só rua para todos. Apenas uma casa para cada um morar. Na minha rua tem um só calçamento, não tem boi nem tem jumento que por ela possa andar. A minha gente é gente simples, dinheiro não tem para gastar, mas, embora que tivesse, ainda seria inútil, porque quase nada tem para quem queira comprar.

Tem uma rua que sobe e uma rua que desce até parece montanha russa, eita porca que fuça esse menino atentado, até parece pinto enjeitado correndo de um canto ao outro feito foguete, espoletado. Na rua tem calçada bem feitinha, a cidade é uma gracinha, muita gente vem notar. Por onde passam vão dizendo: menino você não sabe nada! Aquela terra é pedaço do paraíso eu também vou morar lá.

Você conhece o seu João? Aquele do comercio da esquina, vende arroz, feijão e farinha, vende até no caderninho para quem gosta de pagar. As casas não são lá tão grandes, só pra causar impressão. Às vezes penso que a minha cidade, foi uma linda obra de arte criada por seu augusto, artista lá da cidade que fica lá pras bandas do Riachão.

Temos um prefeito, sete vereadores e um juiz para ordem imperar. Tem dois soldados sempre apostos para nossa vida pacata guardar. Tem um sapateiro gentil para os calçados velhos arrumar, tem até uma pracinha que todo sábado à tardinha vem a nossa bandinha o crepúsculo enamorar.

Mas meu coração contente não o é assim por nada, são os olhos de Maria que ao vê-la transeunte pela rua a desfilar, se apaixona loucamente que até já penso em casar. Mas será de tudo bom, me casar com essa moça? Haja vista que se esnoba pela rua a desfilar? Não me importo, sei bem certo, que Maria meu amor me fará enfeitiçar.