Fora de Série

Sou talvez, a harmonia da canção,

A página do livro ou o raio do sol.

Talvez eu seja o aceno na partida,

A última lembrança da despedida,

O último bombom da caixinha.

Talvez eu seja a voz do cantor,

Ou o maestro da sinfonia.

Talvez a sombra num dia quente;

Do telescópio, talvez a lente,

Ou a primeira colheita da vinha.

Talvez eu seja apenas um grão de areia,

Uma pequena pétala no girassol,

Um tijolo em meio a construção.

Talvez um pedaço de chão

Em um território imenso.

Talvez uma gota d’água no oceano,

Talvez um entre milhões de átomos

Que formam um pequenino ser.

Ou apenas mais um amanhecer

Em um século de movimento intenso.

Não importa se grande ou pequeno,

Importa mesmo que eu realmente SOU.

E sendo, ocupo meu lugar no espaço

E tudo o que penso, planejo e faço

Contribui para a construção do universo.

Sou único, original, fora de série.

Sou gente, sou homem, sou eu.

Sou criatura, mas filho do Criador,

Que em um ato sublime de amor,

Nos fez a sua imagem e semelhança.

Não posso mais entrar em depressão,

Me sentir abandonado, sem carinho.

Sabendo que sou assim, tão importante,

Não posso me sentir sozinho, distante,

Pois faço parte do projeto Divino.

De hoje em diante, de cabeça erguida,

Vou ocupar meu lugar de direito.

E na minha vida, com um novo sentido,

Me sentindo amado, respeitado e querido,

Vou traçar da melhor maneira meu destino.

Délcio Mores
Enviado por Délcio Mores em 06/10/2005
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