Assim Me Sinto

De quando em vez

Sinto-me como Pessoa (Fernando),

Que sem timidez

Em seus versos entoa:

“Tudo quanto penso,

Tudo quanto sou

É um deserto imenso

Onde nem eu estou”.

Em outras é a Cecilia (Meireles)

Que me norteia,

Pela beleza que concilia

E semeia :

“Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta”.

Poeta não sou,

Mas me sinto um,

Com a mente em rumo nenhum,

Quando solitário estou.

Já me sentindo liberto,

Caminhando, ou sem nada a fazer,

Relembro Cruz e Souza, a dizer:

“Livre! para sentir a Natureza,

para gozar, na universal Grandeza,

Fecundas e arcangélicas preguiças”.

Mas se o meu amor clama

Enfrentando o meu olhar,

Insistindo em calar,

É com Vinícius (de Moraes) que acendo a chama:

“Mas se a luz dos olhos teus

Resiste aos olhos meus

Só pra me provocar

Meu amor, juro por Deus

Me sinto incendiar”.

E quando o fogo pega,

Entrego-me todo,

Sem medo e sem regra,

Porque Drumond de Andrade

Fala-me de verdade:

“O que se passa na cama

é segredo de quem ama”.

Em qualquer situação,

Sirvo-me da poesia.

Com ela a tristeza finto

E ilumino o coração

Atando-me à alegria.

Assim me sinto!

Hegler Horta
Enviado por Hegler Horta em 17/08/2016
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