ORAÇÃO, PEQUENA CANÇÃO, SOM PEQUENO
Santo, santo, padroeiro da poesia,
roga por nós que recorremos à tua voz
e dá-nos o quanto possamos suportar
multiplicando-nos entre esferas, ave! palavra.
Fortalece em mim o lastro do verbo que nutre
e doura armadura luzidia do selo da voz divina.
Piedoso, santo padroeiro da poesia
dá-nos o consenso da melodia,
desfaz em mim os laços da rigidez,
permite quanta gota exata for necessário e enche o copo.
Desata, na minha, a tua língua,
concede moldura para quem é de quadros
e pintura para quem é de caligrafia.
Peço-te, Estro ilustre da poesia patrono,
que nas pontas da contenda encontre-se
a descontínua conexão, pontes firmes sobre hiatos,
e, contigo, suporte inspiração, na brevidade tão bela da rosa,
com fé na vida possível, também eu possa compartilhar
do pão que alimenta,
da palavra água-viva,
da veste d’alma peregrina que pisa desassossegada
o gerúndio do sem fim no desaterro da vida comum.
Baltazar