CINZAS

Pioneiro desbravador dessa imensidão,

Flutuo nas veredas dos sentidos

Descobrindo a nascente da emoção,

Queimo o presente no cigarro que fumei,

Jogando as cinzas sobre a amante solidão.

Ouço vozes, ecos perdidos do passado,

Ando na noite, ando no dia,

Sinto a aflição, escuto a vã filosofia

Do ser atormentado, condenado,

Observo um anjo fingindo, fugindo,

Peso o peso dos pecados feitos a esmo,

E dos grilhões que vão aprisionar,

Porque ninguém foge de si mesmo.

Busco, procuro o futuro

No horizonte dessa imensidão,

A dor do tempo já espalhei

Feito as cinzas do cigarro

Que solitariamente fumei,

queimando a solidão,

Fruto amargo desse chão.

Serei cinza amanhã,

Hoje não...

ANDRADE JORGE

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25/09/05

RJ