OCEANOGRAFIA ISTO
Isto é OCEANOGRAFIA, poema
escrito em fina camada de areia
sobre memórias, recorte, invenções
são objetos espalhados na unidade invisível
onde o último silêncio pode ser ouvido.
Isto são flores, insetos, água de rio
em ponta de lápis escorre folha de papel.
Isto é onde espinho é pétala sempre viva,
é encontro de mais um par de asas.
Para celebrar a vida, ISTO
: viver no sonho ou dormir para acordar.
Reinventar a vida é tornar possível e acreditar
é administrar influências, saber que nada é novo
é permitir fartar-se de ausência e construir o depois
é saber da vastidão e intuir o caminho: tudo é mar
é solidão, desde o ventre até o último céu.
De mãos dadas e sempre sozinho
invento o isto de uma canoa de papel
adivinho dos barcos o caminho
para navegar preciso oceanografia
e "escrevo à beira d'água"
à beira d'água, à beira d'água no caminho líquido
insisto, inscrevo o meu caminho nisto.
Baltazar