SEXTO SENTIDO...

Eu sinto um toque, de um sutil amanhecer

Na minha pálpebra redoma...

Da luz solar, a claridade a me lamber

Eu sinto a brisa sem aroma...

Mas, de repente em Sodoma o meu ser...

Então, escuto, a cantoria da alvorada

E a passarada a conversar...

E assim me alegro, na magia imaginada

No meu sentido de escutar...

Mas, de repente eu já nem escuto nada...

Eu vejo, pouco a pouco luzes sobre as flores

E as cores infinitamente...

Amores sobre os verdes antes incolores

Nas asas soltas livremente...

Mas, cega-me o mundo, de repente em dores...

Eu sinto o sabor ao imaginar da fruta

A sua polpa a saciar...

Um paladar somente meu, ninguém desfruta

Sabores tantos desfrutar...

Mas, de repente um gosto de dormência furta...

Então, eu toco a pele deste ar que invade

O espaço do meu tato nato...

E arrepiando-me a pele o elã covarde

Lembrando-me um amor translato...

Mas, de repente um frio mármore me evade...

Por meu olfato busco um último perfume

Inconfundível de mulher...

E o vento leva o mau ciúme, e o tempo exume

Aroma antigo, flor qualquer...

Mas, de repente o sol ardendo espalha o estrume...

Perdidos: som, sem fala, tato e olfato, no olhar

O horizonte faz-se escuro...

Se o mundo é o solo que esquecemos de plantar...?

Ó Criador, me dê o futuro...!

E dá-me apenas um sentido... O de amar...!

Autor: André Luiz Pinheiro

19/08/2016