Revelação
Quando se descobre, é sombrio o que se vê.
Percebe-se a cadência à desgraça,
a luz que é rechaçada
pelo simples fato de ser.
Quando se descobre, é sombrio o que se vê.
Enxerga-se a linha imaginária
que leva à porta do nada,
e lá nos empurra pra dentro.
Quando se descobre, é sombrio o que se vê.
Revela-se o vento gelado e cativo
que traz o frio do abismo;
vertigem da montanha da morte.
Nota-se o infecundo desejo,
a morte que nos dá um gracejo;
nos convida à sua casa.
Constata-se a pele que apodrece,
que ao tempo venera e só a ele obedece,
tornando-nos rotos e sujos.
Concebe-se o único caminho possível,
a realidade, até então inconcebível,
de existir só pra depois não ser.