Noturno opus 18

Noturno opus 18

Fatima Dannemann

Por que sigo catando estrelas

em noite de lua

e em noites sem lua tambem?

Por que persigo sonhos

e ainda danço

sem direito a sonhar?

Por que viajo nas notas

de um Noturno de Chopin

se o mundo é mais apressado

do que acordes dolentes

num piano solitário?

Por que sonho eu?

E por quem sonho enquanto

conto constelações no espaço?

Noites de música suave,

questionamentos imersos em

imagens telúricas...

Um arpejo no plano de fundo,

pianíssimo...

Como meus simples sonhos,

porque catar estrelas

nunca foi complicado...

Parada junto a janela,

olho o céu e procuro estrelas

e me pergunto: Porque?

No mundo, não cabem sonhadores,

a menos que sonhar seja

planejar a realidade...

Mas insisto em voar numa nota musical...

E me vejo passeando entre os astros.

Catando estrelas como se fossem flores

para dar a algum amado...

Não.

Visões de sonhos não cabem num mundo tresloucado.

O noturno encerra com acordes tristes,

e eu fecho a cortina,

e cerro a janela.

Talvez eu durma, e dormindo insista em sonhar.

E talvez me venham novas imagens...

Não,

visões e sonhos talvez não caibam no mundo real,

mas eu teimo...

Se os sonhos continuarem a tornar

minha realidade mais doce,

vou continuar catando estrelas,

e ouvindo arpejos dolentes

em pianos solitários.

Maria de Fatima Dannemann
Enviado por Maria de Fatima Dannemann em 06/10/2005
Código do texto: T57424