No Céu da Tua Boca

Eu um dia morri, fui ao céu da tua boca suja de aguardente e tabaco, e lá eu vi a imagem que se refletia de mim em ti.

Nada tão obtuso e sem classe é o que se de ti revelou sobre o prisma língua tua que mais parecia o mal em si.

Pisaste meus versos com imensos sapatos da desatenção e me desde de beber com os desventurados.

Meus beijos se destilavam em lágrimas sovinas que a dor as mandou para acumular em mim mais dor que se pode sentir.

Nas paredes desta concha vermelha e vazia de sentidos se expõe a minha vida nua como o sol e tão triste quanto o silencio de uma noite fria.

Ali eu fiz morada e me ajustei à ambiência prófuga do dissentido de cada palavra tua, contudo, não me mataste, eu vivo no céu da tua boca todos os dias e para sempre.