Ode à Maiêutica

De súbito, brota no teu peito uma fonte incansável!

Torrente de movimentos cintilantes - suspiro interminável!

Um etéreo sabor de lucidez da própria vida.

Se tu abres o peito, ela estanca: "não queres conquistar o mundo?"

Repentina - como sua vinda -, ela vai, deixando na boca o gosto amargo de quem não sabe.

Mas se fechas os olhos, ela desnuda-se frente a ti e irriga o teu corpo, como quem deita-se pela primeira vez com a mulher amada.

E então, te transforma em pura alma - glorioso ser fluido -, envolta-te intimamente de todo o vapor da existência, de sapiência e sensualidade, e te enlouquece de medo, dopando-te de certezas!

Te atribui conceitos inconcebíveis, pensamentos inumeráveis!

Por fim, quando não lhe é mais interessante, transpassa-te todo e leva consigo todas as certezas que gozou junto a ti.

De repente, e quase extasiado, tu recobras a consciência - e é ai que, invariavelmente, não sabes mais de nada.

Eduardo G Silva
Enviado por Eduardo G Silva em 10/09/2016
Reeditado em 26/09/2016
Código do texto: T5756183
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