Ode à Maiêutica
De súbito, brota no teu peito uma fonte incansável!
Torrente de movimentos cintilantes - suspiro interminável!
Um etéreo sabor de lucidez da própria vida.
Se tu abres o peito, ela estanca: "não queres conquistar o mundo?"
Repentina - como sua vinda -, ela vai, deixando na boca o gosto amargo de quem não sabe.
Mas se fechas os olhos, ela desnuda-se frente a ti e irriga o teu corpo, como quem deita-se pela primeira vez com a mulher amada.
E então, te transforma em pura alma - glorioso ser fluido -, envolta-te intimamente de todo o vapor da existência, de sapiência e sensualidade, e te enlouquece de medo, dopando-te de certezas!
Te atribui conceitos inconcebíveis, pensamentos inumeráveis!
Por fim, quando não lhe é mais interessante, transpassa-te todo e leva consigo todas as certezas que gozou junto a ti.
De repente, e quase extasiado, tu recobras a consciência - e é ai que, invariavelmente, não sabes mais de nada.