Réquiem à Metafísica

A Martin Heidegger

As horas rangem no relógio aflito,

a fruta, antes madura, já apodrece.

Escuto o estertorar do Infinito

brado do Ser que de si mesmo esquece.

Esse mistério ontológico escrito

nas dobras da História, onde acontece,

segue se tateando a cada grito,

dentro da frágil concha que estremece.

Entre o Ser e o ente restam os escombros

que a Metafísica trouxe nos ombros,

mas deixou perdidos em algum lugar.

E agora o Ser é um traço industrial,

a tatear no labirinto final,

tentando inutilmente se encontrar.

Vagner Rossi
Enviado por Vagner Rossi em 14/09/2016
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