SERENO - gazel

SERENO - gazel

Já fui quem não era.

Hoje apenas sou.

Pois quem muito espera...

Muito pouco andou.

Quem não me quisera

Somente passou?

Sim, se ela o soubera,

Decerto ignorou.

Enfim, quem me dera

Ver aonde vou

E assim não houvera-

D'estar como estou!

Isto é, em outr’era

Que nem começou...

Outra primavera,

Que o verso floreou;

N'alguma quimera

Qu’ela me contou:

Nada mais que mera

E vã história. Ou,

Nem bela nem fera,

Ela me sonhou.

Betim - 16 09 2016