Inspiração Gramatical
Mandaram-me tecer um poema,
Uma trama de lisura gramatical,
Urdi entre as liças do fonema,
Traduzindo meu sentir antiverbal,
A palavra inteira em forma plena,
Uma sílaba de grandeza universal.
Permiti o lexo que não diz nada,
Entre um circunflexo desagudo,
Conjuguei a consoante africada,
Onde o afixo soa como um abuso,
Interroguei a palavra anasalada,
Descobri um verbete em desuso.
Bendita e única partícula de negação,
Por que me negas tuas formas verbais?
Sinto-me neutro no infinitivo da emoção,
Não me preocupo com as condicionais,
Mas apelo para toda conjunção
Quando os termos ecoam em numerais.
Não me afeta a desinência acusativa
Sob o objeto que embora prejudicado,
Um contraste sob a ótica predicativa,
Sou um sujeito antes do predicado.
Simpática, sintática, pode ser indicativa!
Só não me deixe com cara de acentuado.
Chego a termo esta minha obra singular,
Sem nenhum complemento circunstancial,
A inspiração da palavra a me abrigar,
Soa vibrante entre a consoante e a vogal,
Se meu pobre verbo não pôde expressar,
Foi um suplemento de palavra não verbal.
Belo Horizonte - MG 22:00 26/09