AZUL ESQUECIMENTO
Nada é mais só que um corne inglês
ao se elevar sobre as cordas em surdina.
Mastiga minhas intenções bárbaras e incertas,
até que de meus braços desapareça o ânimo.
Não falarei de exercícios tolos de harmonia
para todas as manifestações de arquitetura
nascidas para o silêncio e para a ruína.
É que os defeitos falam melhor que a poesia
e o brilho de um olhar perdido na boca de cena
entende todo o drama dos arcos em atrito.
Nestes último instantes de uma canção tola
importa a dobra estranha que o tecido faz,
quando pousado sobre as coxas da dama
expatriada em um quadro em frente ao mar.
Mar feito de cartas que não mais se escrevem,
céu feito de saudades sintéticas e tolas.
Perdi aquilo que a boca se recusa ante a poesia.
Na manhã que se seguirá, de algum dia,
eu direi pelo fraseado de um pássaro mecânico:
"inventei para contar as horas, as mentiras e o espanto.
Um apanhado de falsos números e verbos raros e estranhos."