FINLÂNDIA
Essa valsa só se pode ser dançada sozinho
porque é feita de memórias escondidas.
Covardemente criptografadas na partitura
para o exercício ao piano de mãos estúpidas.
Pretendo ao longo dessas formas repetidas
deixar mais frios os corações observadores.
Até que inertes e criogenicamente sepultados
esqueçam o que até aqui era um sopro de vida.
Assim o silêncio será o túmulo das intenções,
como ao gelo é túmulo de bactérias inativas.
A dança surda será percebida pela vista,
mas tão ao longo quanto as aspirações.
A natureza é uma piada sombria,
desgastando a eternidade e degenerando os dias.
Ao fim da dança, esses pés deixam sinais
e a esperança se acaba em promessas perdidas.