FINLÂNDIA

Essa valsa só se pode ser dançada sozinho

porque é feita de memórias escondidas.

Covardemente criptografadas na partitura

para o exercício ao piano de mãos estúpidas.

Pretendo ao longo dessas formas repetidas

deixar mais frios os corações observadores.

Até que inertes e criogenicamente sepultados

esqueçam o que até aqui era um sopro de vida.

Assim o silêncio será o túmulo das intenções,

como ao gelo é túmulo de bactérias inativas.

A dança surda será percebida pela vista,

mas tão ao longo quanto as aspirações.

A natureza é uma piada sombria,

desgastando a eternidade e degenerando os dias.

Ao fim da dança, esses pés deixam sinais

e a esperança se acaba em promessas perdidas.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 01/10/2016
Reeditado em 01/10/2016
Código do texto: T5778452
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