TRÊS POEMAS QUE ME VIERAM DEPOIS
Poema I
MEU MAR ERA DOIDO
Meu mar era doido,
Fazia brutas esperas pr’um navio
Emergia sublime quando ele suponha aproximar.
Tinha uma esperança que logo sucumbiu.
Meu mar abrandou,
Não espera mais nenhum navio,
E quando sente um vento velho se aproximar
Já não sabe mais de que forma o viu.
Poema II
QUARTZO QUEBRADO
Depois de não só passar à margem,
Irá me ver.
E eu tão pertinente de bondade,
Estarei rasgada por minha iniqüidade.
Terei-te, assim, na amarga e triste imagem.
Como um quartzo que foi quebrado,
Pegará no meu corpo falido.
Sem fazer gestos equívocos,
Ignorando os meus cacos pontiagudos,
Poderá me construir, vestindo-me nova -
Nova e ao teu mundo.
Poema III
MADUREZA
Os frutos ficaram maduros -
Maduros e dolorosos.
A maçã é de um vermelho opaco
E não me ofusca os levianos olhos.
Pode-se tirar a maçã da árvore,
Uma sombra confortante que ali nasce.
A árvore alimenta, sempre, até que raie
No fruto uma cor que fale.
A maçã, ou qualquer outro fruto,
Alimentará qualquer outro ser mudo
Que tenha a pele brilhante da infância.
Até que essa pele manceba possa doer
Pela fonte rica que a faz inchar
E tornar-se roxa para nutrir.
8 de dezembro de 2004.