DESESPERO
Em um lugar bem distante
Havia uma raça ofegante
Povo excluído e deprimido
Sem voz e sem vez
Calado, saíam dos porões dos navios negreiros
Destino: Gaiola da Senzala
Lá ficou sem luz e sem vida
Quanta humilhação! Quanto desespero
Tenebroso Tráfico Negreiro
Outro cenário recomeça
Neste lugar nasce “Tim” um negrinho franzino
Mas para sua infelicidade
E desespero do destino
A separação: venda de uma negra formosa e robusta
De dentes alvo como a neve
Era sua mãe; Maria das Neves
Chora escravo, na gaiola da senzala,
Não deu tempo para mamar
Agora sem mãe, antes órfão de pai
Lá ficou sem sol e sem luar
Quanta humilhação! Quanto Desespero
Tenebroso Tráfico Negreiro
Na gaiola do cativeiro
A capoeira agia
E o negro se defendia
Sonhos de “Timbalada”
Hoje, escravo adulto,
Nessa voz de dor partida
Canta LIBERDADE, e
Afoga mágoa tanta
Na gaiola do cativeiro
A capoeira agia
E o negro se defendia
Sonhos de “Timbalada”
Gingado na madrugada
Longe dos açoites e chicotes
Quanta Humilhação! Quanto Desespero!
Tenebroso Tráfico Negreiro
Tim, escravo adulto conseguiu voar
Com a delicadeza do gingar
Quanta Humilhação! Quanto Desespero
Tim, grande GUERREIRO!
Meire Cavalcante