DESESPERO

Em um lugar bem distante

Havia uma raça ofegante

Povo excluído e deprimido

Sem voz e sem vez

Calado, saíam dos porões dos navios negreiros

Destino: Gaiola da Senzala

Lá ficou sem luz e sem vida

Quanta humilhação! Quanto desespero

Tenebroso Tráfico Negreiro

Outro cenário recomeça

Neste lugar nasce “Tim” um negrinho franzino

Mas para sua infelicidade

E desespero do destino

A separação: venda de uma negra formosa e robusta

De dentes alvo como a neve

Era sua mãe; Maria das Neves

Chora escravo, na gaiola da senzala,

Não deu tempo para mamar

Agora sem mãe, antes órfão de pai

Lá ficou sem sol e sem luar

Quanta humilhação! Quanto Desespero

Tenebroso Tráfico Negreiro

Na gaiola do cativeiro

A capoeira agia

E o negro se defendia

Sonhos de “Timbalada”

Hoje, escravo adulto,

Nessa voz de dor partida

Canta LIBERDADE, e

Afoga mágoa tanta

Na gaiola do cativeiro

A capoeira agia

E o negro se defendia

Sonhos de “Timbalada”

Gingado na madrugada

Longe dos açoites e chicotes

Quanta Humilhação! Quanto Desespero!

Tenebroso Tráfico Negreiro

Tim, escravo adulto conseguiu voar

Com a delicadeza do gingar

Quanta Humilhação! Quanto Desespero

Tim, grande GUERREIRO!

Meire Cavalcante

Meire Cavalcante
Enviado por Meire Cavalcante em 09/10/2016
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