DA FAMÍLIA TRADICIONAL
Laços acetinados guardam o pudor.
Não são nós ou amarrados intrincados.
Apenas um gesto espera o escárnio
e o torpor pago a um corpo barato.
Depois é tomar a decência oculta entre as pernas,
e fartar-se da moral inflamada do lar imaculado.
Tomar por santa a esposa pelo anti-depressivo arrebatada,
e guardar nas calças os traços do ânus da rua dilacerado.
Uma foto de família contém o que a rua deixou de fora,
que está em espírito na forma do marginal mal pago.
Homens alugados para conter a fome e o assassinato,
segredos digeridos por trás dos sorrisos contaminados.