Poema ruim III
Morre-se, de doenças adquiridas e inventadas;
Morre-se, de desespero, encaixotado em concreto;
Morre-se, por achar insosso o sabor da vida;
Vive-se, para ver morrer aos que se ama;
Vive-se, a iludir a vida dizendo-lhe eterna;
Vive-se, a desviar da morte em sua paciente espera;
Mata-se, o tempo, as horas, as lembranças;
Mata-se, a esperança e seu vício em perseverar;
Mata-se, a terra e seu fruto antes mesmo de madurar;
Revive-se, em mais um dia de poesia;
Revive-se, num pequeno encontro com pessoas queridas, numa tarde fria;
Revive-se, num verso tosco que a imaginação cria.