ERA UMA VEZ

ERA UMA VEZ

I

Era uma vez... a um tempo que não se alcança

Do princípio da criação produzida pela explosão

Escapa bendita centelha que origina a mudança

E na harmonia da natureza agradece em oração

Foi belo e direito o que criou, mas algo lhe faltou

Não era completa em conteúdo tão frágil criança

Então o sol se formou, a tudo aqueceu e iluminou

Em noite e dia a fase se alternou na eterna aporia

Entre as águas, a terra se expandiu na topografia

Depois produziu erva verde e árvore com semente

Alma vivente, outros animais e o que não é gente

E finalmente o homem... para venerar em idolatria

II

No abismo das águas tem inicio a grande aventura

Do peixe com guelras a batráquios, foram mil eras

Num rompante se fez amplo o domínio do reptante

Oparam em altura deixando a marca da assinatura

Foram extintos no clima frio em condições severas

Fora do programa emerge o animal que tem mama

Avança constante, com os pés caminha o mutante

E com duas mãos inventa a roda e descobre o fogo

A partir de então mostra em ação indícios da razão

Agora enfrenta o drama, já vislumbra seu panorama

É o protagonista central na virada do indefinido jogo

Em acentuada evolução, é orientado pela cognição

III

Da caverna fez habitação, necessária para proteção

Depois se juntou em sociedade e idealizou a cidade

Começa a civilização e todo sistema de colonização

Entre dois rios a Babilônia, a maior da Mesopotâmia

Com Nabucodonosor cresceu, conheceu seu apogeu

No Egito a fidelidade ao culto e adoração à divindade

A Pérsia invade a Grécia que não aceita suja infâmia

Na Grécia a filosofia nasceu, para o mundo floresceu

Aparece o pensar altruísta, que vai se impor ao teísta

Alexandre dilata a vista, mas é César quem conquista

No maior império já visto aconteceu o evento previsto

Nasce o pacifista e a humanidade muda com o Cristo

IV

Após Jesus, o rumo da história seguiu outra trajetória

A queda de Roma fortalece o cristianismo em axioma

O mundo escurece e estabelece os exórdios da prece

Magno une igreja ao estado e tem o papa como aliado

No oriente a Mongólia fica presente com Khan à frente

Hispanos e lusitanos singram e o novo mundo aparece

Gutenberg é fundamental, a imprensa muda o cultural

Lutero com a reforma deixa seu pensamento sufragado

Discurso cartesiano torna o sujeito da razão amparado

Newton faz ciência conceitual apoiada no experimental

Kant assombra com solução ética, empírica e racional

O mundo resgata iluminação, mas se curva a Napoleão

V

Desperta em surto o século reputado como mais curto

Nele o homem sai do chão levado pelas asas do avião

Tem na primeira guerra o motivo maior do grande susto

A revolução socialista afronta o fundamento capitalista

Einstein relativiza e sonda o átomo na procura do justo

Mas a maior luta da civilização irrompe sem compaixão

Hitler e a chacina surrealista deixa sua herança niilista

A inovação da arte e cultura modifica social conjuntura

Sentido do existir é a procura do homem em seu refletir

O muro da vergonha divide ideias e mostra sua peçonha

O homem chegou à lua, pisou nela como criança de rua

A informação vai emergir como crucial modo de produzir

E continua a jornada... até onde? Até quando?

Talvez ao encontro do nada...

Marco Antônio Abreu Florentino

NOTA: Uma breve história do mundo e da humanidade, que aconteceu num diminuto ponto do espaço-tempo do universo, contada em verso.

https://youtu.be/EVAB2z1RPu4

(Musica Aquática - Handel)