MEDO DE QUE?
MEDO DE QUE? (Conceição Castro)
A culpa toda foi daquela música
Afinal, o que seriam das dores se não houvesse um culpado?
As lágrimas, feito rio caudaloso
levaram-me com vigor
a lugares inusitados
viagens dentro das minhas ausências
excursões dentro dos meus pecados
e o anjo que me dava bom dia
era um bibelô ameaçado
dormia enquanto eu roía
ruía
Mas o meu anjo não era um displicente
tudo que ele cochilava tinha uma razão
Ele me amava ,
Queria me ver agir
Lavou as mãos...
Nessa peregrinação
Encontrei uma pessoa igualzinha a mim
a única capaz de entender o que eu sentia
Enxerguei-a
quando arranquei o pano
que o espelho cobria...