POEMA DA ROSA

Quero cantar a rosa,

a pura, a simples rosa,

num vaso de janela.

Quero cantar a rosa do povo,

como quem sangra pelo caule,

mas cantar a rosa,

tão, senão, mais cantada que a lua:

uma outra espécie de rosa

suspensa no espaço.

Quero poetizar a rosa junto ao peito

com a ternura de um abraço,

recebendo os seus.

quero cantar a rosa ,

ainda que ela seja triste

e tenha o pesar de mil estrelas.

Quero cantar a rosa da memória,

a rosa delicada como mão de princesa,

cantar outras e sempre as mesmas rosas,

que fogem de suas raízes

e voejam por outras cifras.

Quero cantar a rosa

que seja o movimento

pacífico da água mansa.

Quero cantar a rosa das paixões,

sua sobrevida em vergéis íntimos.

A rosa pode ser pluma e vergasta,

pode nascer no seribó,

pode se escorar num muro,

pode desabrochar de ti.

Quero traduzir a rosa,

fibra por fibra,

salvar da morte suas pétalas

guardando-as em um livro como um tesouro.

Delmo Biuford
Enviado por Delmo Biuford em 25/07/2007
Código do texto: T579626