SEGREDOS

O que será se esconde 
entre as paredes tão velhas
daquele sotão encantado,

           que fica junto ao telhado
           - o meu telhado de pedras,
           não o desejo de vidro,
                     pois olhar pra dentro dele
                     a ninguém é permitido.
        Ali em me perco em lembranças...
        Me vejo, de novo, criança
        com as bonecas em volta.
                               Depois crescendo, contente:
                               uma jovem adolescente
                               desafiando os parentes,
                               quebrando regras e normas.
         De repente, me dou conta.
         Estava sonhando acordada.
         Na verdade, não há nada,
         nada a lembrar ou rever.
Minha vida decorreu
qual uma estrada sem curvas.
         Não tenho nada a mostrar,
         muito menos a esconder.

                        .  .  .


 Paulo Miranda
Naquele sótão encantado
que vamos a luz de velas
teu coração acelerado
faz-me soprar todas elas...