INTERPRESA
Manhãs iluminam
as janelas do menino
nas ruelas
a perspectiva
do cuspe ser enrolado no pó da calçada
de ter a faceirice do cão
mimosear com os olhos
a flor solteira
do espaço ermo
onde a serpente farfalha
a perspectiva
de andar por ai
desembrulhar enigmas
enfeitiçar o cenário
o crepúsculo montando telas
a dispor cores
e o menino bêbado de ilusões
de súbito
após tantos males súbitos
a vilania de Patópolis
parece por demais real
o menino cresce
o cuspe enrola a perspectiva
e a surpresa
no pó do caminho
limita o passo
e o passeio acaba
no veneno da serpente
o fogo da pistola
o enigma das pessoas
a tortura
a tontura
a solidão e o medo
o trabalho escasso
a traição
o pecado
o inferno dos dias
o fogo do aguardente
a emboscada
e a ilusão bêbada do homem
de abraçar a esperança