Cárcere
Em frêmitos insanos
eu me abraço aos lençóis e adormeço
sem sonhos ou pesadelos
e desfaço os liames da dor - minhas cadeias
e nas ameias do destino eu posto sentinelas
que velem por meu sono de vazios
e esquecimentos vis...
Durmo a ausência que vergasta
o vitupério inconfesso
de minha omissa existência.
Eu me cego, me calo e me ensurdeço
aos clamores das gentes ao redor
e adormeço
antes que o novo dia revele
as mazelas insones do mundo.
Eu cruzo o vale da morte altivo
e volto renascido
ao mórbido estado anterior:
Acordo! Estou vivo...
Não há dor!
Nem amor há em mim - não há nada!
Amanhece,
mas permaneço prisioneiro em meu castelo
e sou meu próprio carcereiro!