Cárcere

Em frêmitos insanos

eu me abraço aos lençóis e adormeço

sem sonhos ou pesadelos

e desfaço os liames da dor - minhas cadeias

e nas ameias do destino eu posto sentinelas

que velem por meu sono de vazios

e esquecimentos vis...

Durmo a ausência que vergasta

o vitupério inconfesso

de minha omissa existência.

Eu me cego, me calo e me ensurdeço

aos clamores das gentes ao redor

e adormeço

antes que o novo dia revele

as mazelas insones do mundo.

Eu cruzo o vale da morte altivo

e volto renascido

ao mórbido estado anterior:

Acordo! Estou vivo...

Não há dor!

Nem amor há em mim - não há nada!

Amanhece,

mas permaneço prisioneiro em meu castelo

e sou meu próprio carcereiro!

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 09/10/2005
Código do texto: T58000