CORPO DE BAILE

Quando a noite cai como um animal morto

e as estrelas se dependuram no céu,

as moças correm para as varandas,

meu coração adormece e sente saudade.

Essa é a hora em que a fogueira queima a tristeza,

quando a sanfona se mistura à poeira e ao sal,

os pés se arrastam numa festa improvisada

onde o acanhado senso de equilíbrio,

me diz que a beleza reside numa dança no escuro.

Para além da muralha de breu,

o som retumba e nunca mais irá retornar.

Assim como este corpo antigo

que conduz um sonho escondido

num peito que morreu faz tempo.

Contemplo através das serras

o som que restou de uma festa

que nunca mais irá acontecer.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 23/10/2016
Código do texto: T5800718
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