Indiferente presença

Bumbo explodindo dentro do peito

Ofegante

Pancadas de chuva,

Trovoadas cardíacas

Você ao lado

Posso ver no escuro

Irradiando

Corpo febril, sonolento

Impede meu sono

Rouba-me a calma

Vou e venho

Num encaixa e solta

que não parece te importar

Quase não me percebe,

Não vê minha agonia

No meu último fio de vida

enquanto o desejo consome

O juízo meu

Só uma voz há

Frustrada que tento calar

Dizendo-me que grite

E o tempo pesa tanto

Que as paredes parecem sucumbir

E de repente estamos numa desconstrução

Tudo caindo, caos edificando

Dor e angústia

E voz quer escapar por minha boca

Engulo a seco

Agora sou eu quem tenho febre

E você nunca percebe

Parece-me muito melhor dormir

Ou acordar, talvez

E o fecho da minha luta é o início da noite

O relógio que só passou trinta segundos

Anuncia a solitude

Devorado vagarosamente

Noite longa a dentro

Do acompanhado mais sozinho

A sós com o breu