"deixa o verão pra mais tarde"

Volto agora para casa, vitorioso.

Lutei pelo mundo, estou aliviado.

Venho com o sorriso maravilhado,

para me deparar com o horroroso.

(...)

Sento na cadeira de amarelo espaldar,

pego seu vestido florido,

sinto o perfume, é difícil me conformar.

Eu fui lá fora viver, mas queria ter morrido.

Meu benzinho já se foi embora

Procurei pela casa inteira

e na mata lá fora.

O desespero bateu agora

'vou me afogar em bebedeira'.

Eu bradei naquele dia

'vou ganhar o mundo e já venho'.

De lembrar seu olhar meu couro arrepia.

Mais uma vez, ela é tudo o que tenho.

Achei que adiar meu sol era melhor;

eu queria ser bom em minha carreira.

Mas não sabia que daquela maneira

Só estava fazendo a vida ficar pior.

E minha vida era minha flor,

meu benzinho que deixei chorando.

Não sei se por frieza ou desamor,

fui embora e segui cantando.

Agora volto eu para nosso canto,

olho em volta, me afogo em pranto.

Me acusa de todas as paredes seu olhar

'porque prometeu ser meu, se tencionava

não mais me amar?'

Vou viver, nesse pesar

(viver não, a vida era minha flor)

Sentir todo dia a falta de amor

que não me deixa mais caminhar.

(fui lá fora e ganhei o mundo;

perdi a vida)

Mariane Cerilo
Enviado por Mariane Cerilo em 26/07/2007
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