Penas do Tiê

Uma vez parei para pensar quem seria eu,

o que estaria fazendo aqui.

Até hoje não obtive a resposta, mas algo reparei

ao analisar as plantas, as árvores,

sinto-me completo e é como se Deus existisse

e fosse eu.

A sensação de completude é ver os pássaros voando

a passarada já tocando suas vidas

sem saber qual a estrada,

sem saber qual é o dia.

Ali não existem horas, ali é a incerteza, é simplesmente ir.

Igualmente ao Tiê com seu canto livre,

canto que emudece qualquer outro canto.

A ideia de liberdade mais simples é ver a tarde,

a tarde é linda quando vai anoitecer.

É só observar o canto de um pássaro

que eu entendo a liberdade.

É só olhar as frutas ao nascer, que sei que vou morrer.

Parece loucura, mas seria eu um pássaro? Um Tiê?

Ao reparar a natureza, o mistério que ela carrega,

sinto que eu talvez seja uma vontade de canto livre,

uma vontade de liberdade, uma pássaro perdido na passarada,

talvez eu seja tudo e seja nada.

A vontade depois de tanto analisar, a vontade é tocar a vida

sem saber qual a estrada,

sem saber qual é o dia.

Arthur Montenegro
Enviado por Arthur Montenegro em 07/11/2016
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