Ilusionários

Estico-lhe os pulsos, mas não me prenda!

Faça valer o que é justo

Não me encarcere

Sou bicho solto, a embrenhar-me nas matas, a fugir dos amores aflitos

posto que sou inocente por amar, nada mais

Saio agora e deixo todas as luzes acesas para que vejas o mundo a passear nos teus olhos quando ainda dávamos as mãos.

Estico-lhe os pulsos, e se quiseres me cuspa na cara, mas não me prenda...

Não me encarcere!

Sou inocente tanto o quanto o teu espreguiçamento

Ao acordar para um novo dia ou noite

Viva intensamente e deixe-me ir

Sou bicho solto, de embrenhar-me nas matas sem tormentas, onde tudo é silêncio e paz

Não me sacie, pois posso entrar na vulnerabilidade humana

Sou composta de silêncios e verdades

Sou apenas o frágil bicho solto e selvagem, nada mais

Estou desarmada e cheiro a flores d'onde vim...

Vivo de amores lúcidos

Não vou te subornar com um olhar tristonho

ao te mirar e virar-me à fuga - seu tudo -, não devo ser...

Estico-lhe os pulsos, mas não me prenda! Óh, não...

Não me encarceres em tua inefável singularidade!

Entenda que meus sentidos aguçados não me falham, posso tudo sentir e ver

Posso tudo compreender, mas não posso esquecer tudo...

Não me enjaule simplesmente para teu bel-prazer

Sou bicho solto a discorrer

01/08/2016

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 08/11/2016
Código do texto: T5817212
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