Rascunhos

Reguardo-me ao silêncio afásico,

Quando não restam-me signos

Para designar uma percepção,

Uma auto-mutilação metafísica.

O ultimo olhar pela lente da decepção.

Os que restam

Vomitam os derradeiros danos,

Mal sabemos nós.

O que ainda sofreremos por anos.

Como um canibal sadomasoquista,

Entredevoro-me a partir das entranhas

Transmutando-me como um alquimista.

Como fez Houdini em sua ultima façanha.

Sigo a risca d'outra pista

Que possa elucidar meu ser,

Para manter-me vivo,

Preciso novamente morrer.

Perdão meus amores

Mas nem toda felicidade do mundo

Sacam-me essas dores

Travestidas de vaidades e perfeição.

Ao som de gritos escarnecedores,

Os vermes trabalham na decomposição.

E eu, coloco-me novamente como um ser inexistente

Resgatando o lugar de origem onde não existe a divisão.