Bichos Soltos

Já não falo agora ; não escuto, porque minhas mãos direcionadas aos céus clamam pelo fim da psicalgia no mundo.

Alguém lá em cima - talvez sonhando- espreguiça-se ao bocejar revirando-se nas nuvens algodoadas.

Alguma coisa dissolve-se virando neve, causando tormento e frio.

Ora, se não é o gélido São Pedro!? Tudo por querer pisar na Terra...

"Santos sempre sobrevoam a Terra",- dizia minha mãe ao mirar meus olhos de criança curiosa enquanto o padre rezava a missa de domingo.

Ontem chorei. Um choro de gente assim... Ah!... assim meio animal! (quisera eu sê-lo não somente parcial.)

Rosnava e latia ao telefone para posteriormente calar-me e em seguida sentar-me num canto qualquer. Enquanto "São Pedro", derretido, líquido, ainda escorria pelas vidraças alcançando as ruas barrentas do meu vilarejo...

Este que me acolhe sempre, fazendo pensar nas estrelas, nos homens, no Deus Dono do mundo.

O meu amor certamente estará pensando que sou uma Mula-sem-cabeça , ou um Lobisomem.- criaturas folclóricas que atormentam as crianças quando deitam-se para dormir.

Não; não . Nunca assustaria o meu amor.

21/10/2004

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 09/11/2016
Código do texto: T5818194
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