Paciente do Momento

Por favor, um minuto...

Dê-me um tempo para os seguidos segundos

que divago na esqualidez dos meus anos

carregados de rugas, cicatrizes, delírios e sonhos

Por favor, aguarde esse minuto!...

Quero que ela olhe para os meus olhos

e diga que agora entende meus versos

Peço, entre agora em meu universo perdido em fúria,

enquanto esculpindo em tâmara aguardava suas carícias

Por favor, aguarde algumas horas...

Enquanto ando entre plumas paetês e putas

Tentando esquecer a dor que me rodeia

e teima em fazer de mim um sujeito sem predicados

Por favor, mais um minuto!...

O principio do fim agora quer voltar ao inicio

e no urbanismo do mundo procurar paradigmas

na dicotomia entre o bem do meu mau...

Por favor, deixe que eu fique mais alguns minutos...

não esqueça que sou paciente desses segundos

Escravo da ambição filho contrário desse desinteresse

de planos de papel e fantasmas do meu próprio passado

Por favor, só mais um minuto...

deixe que eu olhe para o que virou minha vida

deixe que eu lembre de sombras e laranjais

e esqueça que minha alma sempre foi endividada

Por favor, aguarde mais um segundo...

é o tempo certo para que olhe para o cadafalso

e desfaça em mim seu rosto olhando o resto do meu corpo

quero ver nos seus olhos meus sonhos

seu rosto e os nossos últimos laços...

Orlando Miranda
Enviado por Orlando Miranda em 09/10/2005
Reeditado em 27/10/2005
Código do texto: T58219