ELEGIA
Quando eu morrer
Enterre-me perto das flores,
Pois vestido de morte
Estarei com a boca muda
E com os dedos silenciados.
Na cova, eu junto a poesia.
Nós, mortos, não diremos adeus.
Um minuto triste; contemplação,
Chuva no fim da vida: elegia.
O luto vem a partir da morte instalada
Na carne fria e pálida.
Os pássaros silenciarão seu canto
(mudez de pena)
As borboletas se banharão no cinza
(sem cores)
Os vaga-lumes se apagarão
(mas sem morte)
Só eu morro
De amor,
Tristeza,
Alegria.
Por tudo
E por nada.
Sou caça na vida, poeta
De raízes e fardos, esperando
Uma boa morte, um soneto
Em bela elegia divina ao humano.