O Mal da Montanha
Subi, subi , subi...
A enorme faca motorizada viria do lado oposto para atingir uma irmã indefesa
A tontura me veio com a náusea e senti a dor em meus olhos que a tudo assistiam
Minha vértebra curvou-se como roda gigante me levando ao chão
Enquanto a irmã araucária dobrava-se ao ser decepada
Algumas lágrimas desceram em meus olhos ao assistir a irmã
que também chorou como a gritar dentro de sí: - malditos!
Amaldiçoei por milênios o ser da enorme faca motorizada que usava vestes de couro cru e botas longas
Sentíamos - ambas - uma dor de morrer
A araucária e seus filhos choravam, e lágrimas desciam às pedras que as amparavam criando lagos ao pé do santuário
Meu choro era silencioso e tinha a visão do horror
As montanhas não são inóspitas! Não são, não
São santuários!
Minha vértebra curvada tal como roda gigante me transformava em uma roda menor a despencar no abísmo do absoluto desrespeito de meu irmão
Então vi a irmã dormir para sempre enquanto suas sementes
Deitavam-se ás margens do rio que descia
Precisava pegá-las!
Precisava cuidá-las...
Adormeci com a dor que era a maior que já havia sentido: impotência
Achei que teria sido tomada pelo "Mal da Montanha" - antes fosse
Voltei a amaldiçoar o ser das vestes de couro cru: meu semelhante
E posteriormente rezei e gritei:
Acordem nossas crianças!
Acordem nossas crianças!
22/09/2016