Linhas

Linhas, que são compostas de palavras,

que são compostas de emoção,

que compõem o ser humano,

seja o fulano plebeu ou muçulmano.

Linhas que criam um desenho,

que criam uma pintura abstrata.

Linhas que fazem com que no mesmo fulano

nasça um artista,

que na tela uma ideia retrata.

Linhas pequenas ou grandes,

estreitas ou gigantes,

a linha da pipa e do barbante,

dos que se usa, ocasionalmente,

para se costurar um bichinho de pelúcia,

mesmo que seja só para deixar este numa estante.

Linhas capazes de fazerem com que

duas pontas se juntem,

criando assim um círculo.

Com três linhas já se tem um triângulo,

que obviamente não é muito diferenciado

de um retângulo.

Uma linha torta,

uma linha que está definitivamente desgovernada,

uma linha que não tem fim,

uma linha que para as formas geométricas

não reserva espaço.

A linha do baixo, o pedaço de uma linha

que no meio da estrofe cria uma fala,

que ali definitivamente carimba um diálogo.

Com uma linha há muitas opções,

e de todas as possibilidades que conheço,

com base nisso crio o meu próprio catálogo.

Linhas que lembram um poste, um semáforo.

Para alguns isto é besteira, para alguns

uma linha é apenas uma linha,

mas para mim é numa linha

que um outro universo se cria.