A Incrível Jornada da Alma

No covil das promessas quebradas

No ardil das palavras que não significam nada

Na torpeza dos que beijam sem amar

Na riqueza que não sabe se doar

No silêncio sepulcral das madrugadas apáticas

Nas espadas reluzentes, rentes, monocromáticas

Nos cemitérios cheios e nos corações vazios

Nos espinhos rasgando a pele, nas pedras ferindo o caminho

Nos sorrisos corroídos pela cárie do sarcasmo

Nos corpos convulsivos impelidos pelo orgasmo

Na doçura da mentira e na dureza da verdade

Na escolha angustiante entre a agonia e a crueldade

Nas noites sombrias, nos dias de trevas

No sorriso que esconde, na lágrima que revela

No pulsar do coração onde um grito de horrror se cala

A observar a paixão da mão a escavar a própria vala

Na liberdade dos penhascos, nas grades da jaula

Nas praias desertas caminha a minh'alma

Sem chegadas, sem paradas, sem pegadas

Como a gota no rio, como a poça na enxurrada

Perdida na escuridão da prisão da humanidade

Minha alma clama em vão pelo grão de liberdade

Pois sabe que pior que que o algoz da sentença

É a indignidade do inocente que não tendo culpa a aceita

O corpo sangra da ferida que nunca cicatrizará

A lápide é única face que nos restará

E imprecisa na escolha entre o inferno, o ermo e o ermitério

Descansou sonolenta na placidez modorrenta nas sombras das cruzes de [cálidos cemitérios.

Lady Loen
Enviado por Lady Loen em 30/07/2007
Reeditado em 17/10/2008
Código do texto: T585762
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