Febre

Cruzam-se os ponteiros do relógio

E ora é noite que perpassa o dia...

Sem nem sequer dar um bom dia.

E as minhas pernas cruzam-se e quase pensam.

Cruzam-se fronteiras e antevejo o abismo.

E esta febre que não passa.

Dedos por entre os meus cabelos

Embaraçados e ainda os pensamentos.

Cruzam-se pessoas nas ruas em passos apressados

E o Outono acaba de cruzar com o Inverno.

Folhas molhadas enfeitam-se ao assobio do vento

E esta febre que não passa.

Carros e pessoas avançam os sinais

Sinais ignoram a razão.

Sinais.

E esta febre que não passa.

Estúpidos ponteiros do relógio.

Vida estática na parede da quase morta:

Escuto uma febre insolente... que pulsa.

Karla Mello

21 de Dezembro de 2016

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 21/12/2016
Reeditado em 21/12/2016
Código do texto: T5859145
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