Minha poesia é povo
Minha poesia não tem a simetria
da parede de tijolos, revestida
de um rebuscado reboco literário.
Sou poeta do povo, tenho antes
a poesia da rede onde dormitam sonhos...
Não há janelas... nem é varanda.
Só uma rede toscamente armada
sob árvores que nunca plantei
e em que subi quando criança.
Sou poeta do povo
e no casebre aonde vão os peregrinos do amor,
ali armei minha rede...
À margem do caminho é que me posto
e minha poesia espera...
Minhas palavras são somente palavras
e se adornam da simplória experiência de ser povo...
Não é um verso novo,
mas, recontado a cada dia, um velho verso;
é assim que me posto junto ao caminho...