Pois que chegastes

Entende: não escrevo para descrever-te...

nem sequer escrevo para escrever-te!

Aqui dentro, na superfície do meu entendimento,

vejo que isto não seria possível de todo...

Pois que vais além do que eu poderia imaginar,

com sua dança aliviante,

posta sob o céu e sob a chuva,

ambos assaz trevosos!

Não esperava a tua chegada,

muito menos pelas rotas já tão conhecidas dos desvalidos,

que uma vez apunhalados, não mais esperam!

Mas tu viestes, e disto não me avisastes!

Chegou como quem nada quer, mas tudo querendo!

Me viu como quem nada vê, mas me comendo!

Me tocou como toca qualquer coisa, mas me consumindo!

Não perdi-te de vista um só segundo - acompanhei o seu andar,

os seus passos marchantes,

sutilmente robustos,

que mais parecem flutuar sobre um chão tão putrefato...

Seus pés não podem ser feitos do que é tudo...

Tu não podes se acabar como se acaba tudo...

Eduardo G Silva
Enviado por Eduardo G Silva em 22/12/2016
Reeditado em 22/12/2016
Código do texto: T5860155
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