Secas vidas humanas
Baleia, a cachorra!
Um animal terrestre com nome marítimo
E espirito humano
Cujo, nas vidas secas
Em que o sol pesa no ritmo
Deste inferno desumano
Onde o cão não é mais bicho
E bicho era Fabiano
Que questionava a praticidade dos livros
Dizia ser um grande engano
Sinha Vitória, indagava tudo aquilo
Eram bichos ou humanos?
Subsistir onde? Se na mata iam vagando
E os dois meninos
Com o imaginário ainda vivo...
Viviam então brincando.
Não podiam ficar só podiam sair.
Se do céu não chovia
Seus olhos se enchia
E a chuva humana viera cair.
Não se podia encher as barrigas
Mas sim as mentes, com seus sonhos...
Era a cama de couro
Era o lugar de estadia
Que os nutriam de esperança...
E seguiam lutando.
Em meio á tanta desgraça
Onde a barriga não fica cheia
Viera a plateia chorar...
Com o ato mais humano, o morrer...
da cachorra baleia.
Baseado em Vidas Secas, de Graciliano Ramos.