Jaz ao som de Blues
Meu lar é uma caixa de concreto gris
Ornada com vazios e folhas outonais
Fria como uma lápide e epitáfio a giz
Jazem sonhos e utopias sentimentais.
A cada mês, ao receber a visita da lua
Que a minha janela vem sutil a espiar
Projetando nas paredes festejos de rua
Desaparece antes que eu a possa tocar
A minha vida é um jogo, um passa-tempo
De uma criança que não quer mais brincar
O tempo passa e os anos vêm com o vento
Talhando trilhas que levam ao meu olhar
Enquanto isso eu fico aqui e com certeza
Sentindo nada em minha pele, seguindo dura
Secando qualquer alusão à vida ou à beleza
Temendo lembrar de quão doce era a loucura.