Cegueira

Eu não tenho olhos.

Decidi retirá-los,

Pela minha saúde mental,

Para não gravar na minha memória

Imagens degradantes.

Sugiro que faças o mesmo...

Desprovido da visão,

Desprovido do testemunho do enegrecimento,

Do mundo e da Mãe.

Com este fósforo,

Quimicamente, destruímos.

Destruímos o que somos e o nosso lar.

Por tudo isso, ceguei.

O negrume, assim vens!

A neblina, o abatimento, a melancolia...

O desencanto,

A completa e total cerração cósmica.

A desconstrução de uma sociedade falsa,

Uma democracia sobre alicerces frágeis,

Baseada na opressão e intolerância.

Neste meu mundo,

Não existindo essa democracia,

Eu e tu, cegos, não temeremos a noite...

Sérgio Peixoto
Enviado por Sérgio Peixoto em 31/12/2016
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