Feliz velho-novo-ano
Se a cada dia que passasse, no transcorrer das horas, pudéssemos declarar um novo ano
Se pudéssemos chacoalhar a vida feito um caleidoscópio
E vê-la com outros matizes
Tom-sobre-tom
Seria um dom ou uma maldição?
Mas a vida continua a mesma
Os mesmos sorrisos embotados
As filas nos bancos
O pregão dos ambulantes no vagão estreito
Os palavrões rimados numa letra de funk
É sempre o mesmo concreto que já desarma e nos mostra o velho esqueleto concretista em vias de extinção
E continuam os mesmos fósseis catedráticos cuspindo perdigotos em jovens esperanças
Os julgamentos parciais continuarão seu simulacro de ética
E você você permanecerá nos mesmos atos prosaicos
E tentará não enlouquecer
E ninguém te ouvirá a menos que grite
E a sucessão dos dias nos levará a lugar nenhum
Mas, mantenha a esperança
Esta velha senhora recatada de dedos curtos e pouca fala
Mantenha a sanidade
Limpe-se dos maus pensamentos
Aguenta!
Lava a cara e penteia os cabelos
Este ano também passará