Feliz velho-novo-ano

Se a cada dia que passasse, no transcorrer das horas, pudéssemos declarar um novo ano

Se pudéssemos chacoalhar a vida feito um caleidoscópio

E vê-la com outros matizes

Tom-sobre-tom

Seria um dom ou uma maldição?

Mas a vida continua a mesma

Os mesmos sorrisos embotados

As filas nos bancos

O pregão dos ambulantes no vagão estreito

Os palavrões rimados numa letra de funk

É sempre o mesmo concreto que já desarma e nos mostra o velho esqueleto concretista em vias de extinção

E continuam os mesmos fósseis catedráticos cuspindo perdigotos em jovens esperanças

Os julgamentos parciais continuarão seu simulacro de ética

E você você permanecerá nos mesmos atos prosaicos

E tentará não enlouquecer

E ninguém te ouvirá a menos que grite

E a sucessão dos dias nos levará a lugar nenhum

Mas, mantenha a esperança

Esta velha senhora recatada de dedos curtos e pouca fala

Mantenha a sanidade

Limpe-se dos maus pensamentos

Aguenta!

Lava a cara e penteia os cabelos

Este ano também passará

Luiz Eduardo Ferreira
Enviado por Luiz Eduardo Ferreira em 01/01/2017
Reeditado em 31/12/2023
Código do texto: T5869211
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