Que desventuras esperam por nós
Que desventuras esperam por nós
Nesse novo dois mil e dezessete?
Quantas crianças buscarão por Oz,
Quantas serão mortas bruxas do leste?
Quem deixará de estar empregado,
Quem verá que dinheiro não mais tem?
Quem de nós todos será baleado,
Qual mamãe que perderá o neném?
Gira a roleta de nosso destino,
Tomem cuidado, menina, menino!
Porque futuro não dá pra prever,
Ninguém sabe a cartela do bingo,
O sorteado pode ser você,
Pode também ser seu melhor amigo.
Mas se não morrerem, não se preocupe:
Há ainda milhares de sorteios:
Amputações, roubos, falhados truques,
Há para o mundo infinitos prêmios.
É a roleta de nosso destino,
Tomem cuidado, menina, menino!
Portão do inferno aguarda os ímpios,
Muitos pra lá neste ano irão,
Sinto pena de nossos (a)políticos
Que pensam que o pior é prisão.
Ah, coitados, eles mal imaginam
Que implorarão pelas gélidas grades
Quando assistirem às almas que tinham
Serem esquecidas pelas deidades.
Acabarão jogos de esconde-esconde,
Lá o mendigo dorme com o conde.
Sim, o mendigo dorme com o conde,
Ninguém é salvo por ter sido pobre.
Diz-se injustiçado? Ahn? Mas onde?
Quem injustiça tampouco é nobre!
Não importam os pontapés da vida,
A tentação não justifica nada:
Será punido o que descaminha,
Não o que teve uma vida folgada.
Acabará-se espantalho inimigo,
Lá o conde dorme com o mendigo.
Cada ano é mais um pesadelo
No qual lutamos pra sobreviver.
Quem diria no último janeiro
Que a morte iria conhecer?
É a cruel roleta do destino,
Ela decide quem vai e quem fica,
Sempre precisa e imprevisível,
O verdadeiro infernal enigma.
Tomem cuidado, menino, menina,
Nunca se sabe seu lugar na fila.
Misterioso ano que chegou,
Que fará com as pessoas tão frágeis?
Levará quem desde sempre rezou
E também quem só praticou maldades?
Maldoso ano novo que chegou,
Estou sinceramente assustado.
Todo o mundo o encontrou
E está torcendo pra ser poupado.
Vamos torcer, vamos todos torcer,
Para que seja o outro a morrer.
1/1/2017