Tempo e espaço...

... o tempo suficiente de um respirar

E ele escorre inabalável por entre os dedos!

Entre olhos, entre braços, entre mãos,

Faz e desfaz laços, fixa imagens, o pensamento.

Reduz abraços a olhares de distância...

O inexorável tempo!

Chega brisa morna e parte vendaval.

Deixa misturados pedaços de "quereres e ficares",

Leva consigo perfumes e deixa partidas doídas.

...um quê de perder direção

Um ai de dor do vazio,

Um silêncio de velha embarcação no marasmo do estio.

Estou estanque e só sei que estou, porque respiro!

E o tempo passando lento, lento nas linhas cruzadas de nenhum pensamento.

Inércia...do vagar de passadas trôpegas, bêbadas de abandono e

somente um sono.

Um sono de não querer acordar e encontrar tudo no mesmo lugar.

Quem sabe um sono de não acordar e então abraçar mil braços,

...numa infinita cantiga de ninar.

E embalar o tempo para que ele fique, sem a hora de separar!

Aqui estou. Quieta, olhar longínquo de buscar horizonte,

Disfarçado atrás de uma lágrima contida

E que agora furtiva teima em embaçar imagens. Tão fluidas e silenciosas

Como as linhas do tempo que teimosas,

Me remetem muito além do espaço que meus braços podem abraçar.