Sonetaço

Vamos ampliar as formas!

Vamos revolucionar a escrita!

Vamos sobrepujar as normas!

Esse soneto apertado me irrita

Nesse mundo em que hoje vivemos

No qual milhares de informações recebemos

Necessitamos de um maior espaço

Então, poetas, apóiem o sonetaço!

Será um grande salto para a poesia

Soltar esse espartilho que oprime a criação

Muitos escritores chamaram heresia

Mas os antenados lhe dirão revolução

Será como tirar o sapato ao chegar em casa

Será como das algemas destruir o aço

Será como jogar combustível na brasa

Poetas, por favor, apóiem o sonetaço.

Serão duas estrofes de oito versos

E mais duas de seis, finalizando

Estamos, assim, um soneto dobrando

Multiplicando com um espelho nosso universo

Quantos poetas morreram sem essa chance

De escrever mais, de ampliar seu alcance?

O que não teria feito Luiz Vaz de Camões

Castro Alves, Fernando Pessoa, Drummond de Andrade

Com todo esse espaço para expor emoções

Para pensar, para fugir da realidade?

E é por isso que esse pedido eu faço:

Poetas, por favor, apóiem o sonetaço!