TEMPO QUE PASSA
 
Encontrei-me contigo esta noite
quando estava adormecida.
Eu sei, vagueava perdida
pelos caminhos onde outrora
nos amamos enternecidos
e, de novo, senti o fascínio,
o mesmo anseio faminto,
que nos conduzia empolgados,
no sonho de amor mergulhados,
nas asas da fantasia.

Lembras, tu, daquele dia
em que me esquivava, arredia,
temendo ceder às carícias
com que, às vezes, sem malícia
nos incendiava o desejo?
Ah! A loucura dos beijos,
o ardor da juventude,
que ignorava a virtude,
e desconhecia o pecado.

Tempo foi, tudo é passado,
nunca mais soube de ti.
Eu andei por outros lados,
subi montes, corri prados,
e na poeira do tempo,
aos poucos, também, me perdi.

                 .  .  .


 Paulo Miranda
Nunca mais soube de ti
é desculpa esfarrapada
as lágrimas que verti
para ti, não valem nada?


HLuna
Valem muito, valem tanto,
que eu mesma até me espanto,
pode estar certo, garanto.
Mas fiquemos assim, por enquanto.


Paulo Miranda
Assim ficar por enquanto
eu não posso garantir
melhor não seria, por encanto,
Cupido voltar a sorrir?


HLuna
O Cupido deu o fora,
já não sei onde ele mora,
acho pegou catapora...
Valha-me Nossa Senhora.


 Paulo Miranda
Anda essa Nossa Sem Hora
pra de nós compadecer
e enquanto pinto pra fora
garanto o nosso viver...


HLuna
É um trabalho edificante,
ó meu amigo galante,
mas termino por aqui,
enquanto a vida sorri.


 Paulo Miranda
Enquanto por aí terminas
nada valeu minha jura
entre teu Ceará e mi'a Minas
nem a loucura o amor cura...