O novo e o velho modernismo

alguém, por favor

me conte uma novidade

dessas que só acontecem

uma vez a cada cem anos

quero tirar o peso moderno

da minha coluna velha e cansada.

meu prato é de porcelana artesanal

e minha fome é clássica, arroz e feijão...

minhas preocupações são contemporâneas

mas os meus medos e lamentos ancestrais.

as calamidades são permanentes

a ambição e o egoismo são eternos no jogo irônico da vida...

meu caminhar é leve

embora o viver seja apressado e pesado...

em minhas veias gotejam minhas vontades e desejo de melhora,

anseios ingênuos,

que nem mesmo a violência dos programas policiais

conseguiu anular.

se fico em casa é perigoso

posso cometer suicídio

se saio de casa é perigoso

posso sofrer um homicídio

a evolução humana hoje é tão urgente

que nos dizem o que beber

vestir, comer, dizer e até quando devemos morrer...

eu morro todos os dias

em cada esquina cai um pedaço de mim

e a minha felicidade oscila

com a mesma frequência dos likes em minha time line

bobagem... tudo isso é bobagem...

vou voltar pra lida...

Luciana Limah
Enviado por Luciana Limah em 10/01/2017
Reeditado em 10/01/2017
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